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Os conteúdos de Literatura que mais caem no Enem estão relacionados à interpretação de textos literários. Assim, compreender esse tipo de texto é uma das principais habilidades avaliadas no exame. Mas o(a) participante também precisa conhecer os estilos de época, as figuras de linguagem e os gêneros literários.
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Quais são os conteúdos de Literatura que mais caem no Enem?
As questões de Literatura da prova do Enem fazem parte da prova de linguagens, códigos e suas tecnologias. Em nossa análise das provas do Enem, observamos a ocorrência de alguns conteúdos de Literatura. Veja cada um deles a seguir.
→ Interpretação de textos literários
A maioria das questões de Literatura busca avaliar a capacidade do(a) participante em compreender textos literários. Para isso, as questões trazem poemas ou trechos de narrativas, de diversos períodos. Saber conceitos teóricos de Literatura ajuda a entender os enunciados e a descartar alternativas. Porém, o principal é compreender o que se lê.
A partida
Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras… Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?
LINS, O. A partida. In: Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003.
No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a sua hesitação em separar-se da avó. Esse sentimento contraditório fica claramente expresso no trecho:
A) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir.”
B) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco.”
C) “Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama.”
D) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e amor.”
E) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras…”
Resolução:
Alternativa E
Nessa questão, o personagem narrador mostra hesitação ao fazer a pergunta: “Deveria fugir ou falar com ela?”.
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→ Estilos de época
O segundo conteúdo mais cobrado são os estilos de época. No entanto, questões referentes ao modernismo são as mais recorrentes, seguidas, nesta ordem, de questões sobre Literatura contemporânea, romantismo, pré-modernismo, realismo e concretismo. Na sequência, dividem o sétimo lugar o arcadismo e o simbolismo. O naturalismo, quinhentismo e parnasianismo ocupam a oitava posição. Já o classicismo, barroco e geração de 1945 compartilham o último lugar.
Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
— A gente fica olhando…
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época
A) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.
B) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.
C) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.
D) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.
E) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do realismo.
Resolução:
Alternativa B
Essa é uma questão de Literatura que explora conhecimentos sobre o modernismo. Uma característica da escola literária dessa época é a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano. Afinal, o modernismo valoriza temáticas do cotidiano e é antiacadêmico. Portanto, o poema não apresenta rimas ricas nem simetria (metrificação) dos versos. Os autores modernistas também criticavam a idealização romântica. No mais, diálogo não é algo típico do realismo, pode estar presente em qualquer outro estilo de época.
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→ Figuras de linguagem
O terceiro conteúdo mais cobrado são as figuras de linguagem. Nesse caso, o(a) participante precisa identificar alguma figura em um texto literário. Notamos que a metáfora foi a que mais caiu. Mas também foi cobrada a noção de paradoxo, antítese e sinestesia.
Erico Verissimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor.
“Lembro-me de que certa noite — eu teria uns quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam ‘carneado’. […] Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? […]
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.”
VERISSIMO, Erico. Solo de clarineta. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Erico Verissimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da Literatura,
A) criar a fantasia.
B) permitir o sonho.
C) denunciar o real.
D) criar o belo.
E) fugir da náusea.
Resolução:
Alternativa C
Essa questão explora o conceito de metáfora por meio de um texto literário e procura avaliar a capacidade do(a) participante de compreender o sentido da metáfora “lâmpada”. Assim, a “lâmpada” é o escritor que joga luz sobre a realidade.
→ Gêneros literários
Em quarto lugar, estão os gêneros literários; e um dos gêneros que mais aparece é o gênero dramático.
Lições de motim
DONA COTINHA — É claro! Só gosta de solidão quem nasceu pra ser solitário. Só o solitário gosta de solidão. Quem vive só e não gosta da solidão não é um solitário, é só um desacompanhado. (A reflexão escorrega lá pro fundo da alma.) Solidão é vocação, besta de quem pensa que é sina. Por isso, tem de ser valorizada. E não é qualquer um que pode ser solitário, não. Ah, mas não é mesmo! É preciso ter competência pra isso. (De súbito, pedagógica, volta-se para o homem.) É como poesia, sabe, moço? Tem de ser recitada em voz alta, que é pra gente sentir o gosto. (FAZ UMA PAUSA.) Você gosta de poesia? (O HOMEM TORNA A SE DEBATER. A VELHA INTERROMPE O DISCURSO E VOLTA A LHE DAR AS COSTAS, COMO SEMPRE, IMPASSÍVEL. O HOMEM, MAIS UMA VEZ, CANSADO, DESISTE.) Bem, como eu ia dizendo, pra viver bem com a solidão temos de ser proprietários dela e não inquilinos, me entende? Quem é inquilino da solidão não passa de um abandonado. É isso aí.
ZORZETTI, H. Lições de motim. Goiânia: Kelps, 2010 (adaptado).
Nesse trecho, o que caracteriza Lições de motim como texto teatral?
A) O tom melancólico presente na cena.
B) As perguntas retóricas da personagem.
C) A interferência do narrador no desfecho da cena.
D) O uso de rubricas para construir a ação dramática.
E) As analogias sobre a solidão feitas pela personagem.
Resolução:
Alternativa D
Uma das características de textos do gênero dramático é o uso de rubricas, ou seja, as instruções do dramaturgo entre parênteses.
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