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Com a implementação do novo ensino médio e com um banco de questões escasso, o Enem tem grandes desafios impostos para os próximos anos e caberá ao futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelerar esses processos. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pelo exame, passou por uma crise no governo de Jair Bolsonaro (PL), com sucessivas trocas na presidência do órgão.
As alterações no Enem, alinhadas ao novo ensino médio, precisam ser aplicadas a partir da edição de 2024. Servidores do Inep ouvidos pelo UOL afirmam que o trabalho foi intensificado nos últimos meses, mas precisa ser acelerado no próximo ano.
Isso porque a operação do exame é complexa e tem que ser iniciada ainda no ano anterior. Entre o fim da data de inscrições e do dia da prova, por exemplo, são necessários 170 dias para dar conta do processo de elaboração e logística —esse prazo não leva em consideração a criação de perguntas.
Por isso, no caso de uma reestruturação da prova, os desafios se ampliam, de acordo com relatos de servidores envolvidos no novo modelo.
O Enem 2022 acontece nos próximos dias 13 e 20 de novembro. Quase 3,4 milhões de candidatos se inscreveram para a prova em todo o Brasil.
O que é o novo ensino médio? As mudanças da última etapa da educação básica foram aprovadas em 2017 e, segundo cronograma do MEC (Ministério da Educação), precisam ser implementadas até 2024.
Entre os principais pontos de alterações está o aumento da carga horária e a possibilidade de os alunos escolherem parte das disciplinas que querem cursar. Parte do currículo é flexível —os alunos escolhem as áreas que querem aprofundar, os chamados itinerários formativos.
Um dos objetivos da reforma é atrair o estudante do ensino médio, etapa considerada mais desafiadora e com os piores dados de evasão no Brasil. As novidades valem para escolas públicas e privadas.
O que muda no Enem? Com uma mudança na estrutura do ensino médio, o candidato que fizer o Enem a partir de 2024 poderá escolher a área de conhecimento da prova do segundo dia de aplicação.
A ideia é que o candidato escolha o bloco de perguntas relacionado ao itinerário formativo que fez durante o ensino médio, mas também que esteja ligado ao curso superior que deseja tentar uma vaga.
Já o primeiro dia de exame terá perguntas relacionadas à formação geral básica do estudante —com foco em disciplinas de língua portuguesa e matemática. A redação será mantida.
Preocupações. A preocupação dos servidores é com possíveis mudanças no modelo aprovado pela equipe de Bolsonaro. “Queremos explicar que esse não é um projeto do atual governo”, disse um servidor do Inep à reportagem.
As alterações foram aprovadas em parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação), que reunia na época especialistas ligados ao tema e com experiência na área.
Os técnicos precisam ainda investir na construção da matriz de referências e na organização da aplicação da prova em 2024.
“Os alunos estão passando por essas mudanças dentro da sala de aula e é essencial que o governo coloque a cereja do bolo com a mudança do Enem”, afirma Alice Andrés Ribeiro, diretora de Articulação do Movimento Pela Base.
Pode revogar? O documento com as mudanças do novo ensino médio tem peso de portaria ministerial e, por isso, podem ser revogadas.
Ainda não há informações claras se o futuro governo Lula pretende mudar a reforma. Ao longo da campanha eleitoral, representantes da área da educação negaram qualquer decisão nesse sentido.
Novas questões. O BNI (Banco Nacional de Itens), que reúne as perguntas aprovadas para o exame, sofre com a escassez de questões há anos, mas a situação piorou no atual governo. Servidores do Inep fizeram alertas para o órgão sobre o problema
Neste ano, o governo Bolsonaro queria repetir itens no Enem 2022 — depois da repercussão negativa, a ideia foi abandonada.
Reportagem do UOL mostrou que a inclusão de pergunta no BNI depende de diferentes etapas. Primeiro as questões são elaboradas, passam por diferentes revisores e depois, testadas com alunos do ensino médio.
Nenhum item foi produzido nos três primeiros anos de governo e o último pré-teste foi feito em 2019. Estima-se que o processo de inclusão de cada questão custe entre R$ 2.000 e R$ 3.000.
Com a troca do comando no Inep, agora nas mãos de Carlos Moreno — servidor de carreira e com ampla experiência no órgão — os processos passaram a ser cumpridos.
O alerta, no entanto, é que as etapas precisam ser seguidas rigorosamente nos anos seguintes para o Enem não ter novos problemas.
O UOL procurou a equipe responsável pela área de educação no governo de transição de Lula, mas não obteve resposta.
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